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Neuroimaging during Trance State: A Contribution to the Study of Dissociation

Clique aqui e leia o estudo.

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Traumas e Fobias podem atrapalhar relacionamentos e o crescimento pessoal

Traumas e Fobias podem atrapalhar relacionamentos e o crescimento pessoal


Segundo o psicólogo Julio Peres, psicoterapia ajuda na identificação das causas do trauma
e na superação do problema
O primeiro passo é diferenciar o medo de uma verdadeira fobia. O medo geralmente não
impede o indivíduo de realizar as suas atividades, a despeito do desconforto. Contudo, pode
às vezes evoluir para uma fobia, considerada como um Transtorno de Ansiedade, cuja causa
é multifatorial. As causas são diversas para o surgimento dos medos e das fobias, podendo
ser geradas por fatores genéticos, neuroquímicos, socioculturais, tipo de personalidade e
eventos de vida como traumas psicológicos.
“Muitas vezes as fobias são decorrentes de eventos em que o indivíduo experimentou
expressivo medo no passado. Lugares, circunstâncias ou sensações associados ao trauma
podem disparar a memória do evento e mecanismos de alerta como se a situação traumática
estivesse acontecendo ou por acontecer, como um sistema que visa a sobrevivência. As
emoções se superpõem à razão e as áreas límbicas são mais atuantes que as áreas
envolvidas em processos de racionalização”, esclarece Julio Peres, psicólogo clínico e doutor
em Neurociência e Comportamento pela USP.
E para superar o medo ou a fobia, muitas pessoas optam pela psicoterapia que confere
significativos resultados de superação. “A psicoterapia busca dissecar e trabalhar as
associações estabelecidas entre eventos traumáticos e os respectivos sistemas de crenças
que geram os comportamentos fóbicos. Os efeitos terapêuticos são em boa parte, decorrentes
do ‘aprendizado de extinção’, que estabelece novas e saudáveis respostas mediante o
estímulo que causava medo”, explica Julio Peres. Trata-se de um processo ativo de
aprendizado pelo qual o indivíduo organiza sua cognição com experiências gradativas de
enfrentamento consciente, gerando uma nova associação saudável em detrimento da
anterior.
Como lidar com o medo?
Além do tratamento para identificar as suas causas, buscar a auto-indução de relaxamento,
resgatar a coragem e entrar em contato de forma suave e contínua com o agente causador
do medo podem ajudar no momento do pânico.
Uma técnica que ajuda a enfrentar o medo é a auto-indução de relaxamento com foco na
respiração tranquila apoiada por pensamentos de superação como ‘Eu me sinto tranquilo e
seguro’, ‘Tudo está bem agora e assim continuará’, ‘Sou capaz e supero a mim
mesmo’. Segundo Julio Peres, a explicação é simples: “quando hiperventilamos (respiração
ofegante, ansiosa) provocamos alterações do oxigênio na corrente sanguínea, favorecendo
progressiva confusão mental e, como decorrência, exacerbação do medo. Por outro lado,
quando mantemos a respiração tranquila nos sentimos mais seguros, confiantes e com o
controle preservado”, explica.
Outra boa dica é resgatar o repertório de vitórias em outros períodos da vida (conquistas
de objetivos no campo familiar, profissional, escolar, esportivo, etc.). Tais lembranças podem
mobilizar novas associações para o fortalecimento da auto-imagem corajosa e vencedora.
“Enfrentar o medo aos poucos. Por exemplo, quem tem medo de voar precisa primeiro
enfrentar o aeroporto, depois voos curtos sem tranquilizantes e ir gradativamente se expondo
a voos mais longos. Chamamos esse processo de Dessensibilização (retirar a sensibilidade).
Esse método favorece a diminuição gradativa da hipersensibilidade existente a uma condição
fóbica por meio da exposição suave e contínua, que permite ao paciente fortalecer a
percepção do controle e vitória sobre si mesmo. E, sim, pode ser aplicado em diversos casos”,
completa Dr. Julio Peres.
Curriculum Julio Peres
Psicólogo clínico e Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo. Fez Pós-doutorado no Center for Spirituality and the Mind, University of
Pennsylvania e na Radiologia Clínica/Diagnóstico de Imagem pela UNIFESP. Autor dos dois únicos
estudos Brasileiros que investigaram os efeitos neurobiológicos da psicoterapia através da
neuroimagem funcional (Psychological Medicine 2007 e Journal of Psychiatric Research 2011). Possui
artigos científicos publicados sobre trauma psicológico, psicoterapia, resiliência, espiritualidade e
superação. Pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (PROSER) do
Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Autor do livro “Trauma e Superação: o que a
Psicologia, a Neurociência e a Espiritualidade ensinam” editora ROCA

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Entrevista Folha Espirita: Deve a psicoterapia considerar a reencarnação?

1- Qual é o limite da crença do psicólogo diante da crença do paciente?

O artigo “Deve a psicoterapia considerer a reencarnação?” (Should psychotherapy consider reincarnation? https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22297317/), que recentemente publiquei no Journal of Nervous and Mental Disease, discute essa importante questão. Há um crescente reconhecimento da necessidade de se levar em conta o ambiente cultural e os sistemas de crenças dos pacientes na psicoterapia. Respeitar as opiniões e realidades subjetivas do paciente é uma necessidade terapêutica e um dever ético, mesmo que os profissionais não compartilhem das mesmas crenças. As informações obtidas na psicoterapia devem ser sobre o que os pacientes acreditam, o que exige conhecimento de estratégias objetivas para otimizar o enfrentamento e a superação de suas dificuldades com base neste sistema de crenças.

 

2- A população brasileira está aberta aos conceitos reencarnacionistas? Há dados sobre a crença na reencarnação em outros países?

Sim. Em todo o mundo há um grande número de pessoas que crêem na reencarnação. Segundo dados do World Values Survey, tal crença é professada por 22,6% da população nos países nórdicos, 27% na Europa Ocidental, 20,2% na Europa Oriental; já nos Estados Unidos o número chega a 27% (Gallup, 2003) e no Brasil apenas 44% da população não acredita na reencarnação (Data Folha, 2007).

 

3- Como as abordagens psicoterápicas trabalham com pacientes que acreditam em vida após a morte?

Os métodos usados em reconhecidos enfoques psicoterapêuticos, tais como o behaviorismo de Watson, psicanálise de Freud, ou a terapia cognitiva-comportamental de Beck não levam em conta a crença na vida após a morte, professada pela maior parte da população mundial (World Values Survey). A crescente experiência no âmbito psicológico aponta para a importância do surgimento de abordagens terapêuticas não-dogmáticas que levem em conta e valorizem as realidades sócio-culturais das grandes e pequenas comunidades. Muitas pessoas acreditam que as suas atuais dificuldades possam estar relacionadas a ocorrências traumáticas em vidas anteriores. É fundamental que os psicoterapeutas respeitem essas crenças subjetivas trazidas pelos pacientes. Assim como qualquer pessoa pode procurar tratamento psicológico alinhado aos seus valores e crenças, a reencarnação deve ser levada em conta pelos psicoterapeutas, que devem procurar formação adequada em abordagens coerentes e eficazes sem misticismo ou práticas divinatórias, tal como mostrei no artigo “Should psychotherapy consider reincarnation?” – conforme nossos conhecimentos, a primeira publicação científica sobre a interface equilibrada entre reencarnação e psicoterapia.

 

4- Trabalhar com a crença dos pacientes favorece melhor resultado em tratamentos psicoterápicos?

Certamente! Parte fundamental da cultura, as crenças religiosas têm papel importante na formação de juízos e no processamento de informações, auxiliando muitas pessoas a organizarem ou compreenderem eventos dolorosos, caóticos e imprevisíveis que podem gerar sintomas diversos. O coping (manejo) religioso é muito utilizado no enfrentamento de eventos traumáticos e na maioria das vezes, conforme experiência clínica e centenas de publicações, o efeito é favorável a superação. Por exemplo, a crença na reencarnação – envolve um ciclo contínuo de aprendizado e evolução através das vidas sucessivas – é encontrada ao longo da história humana em diferentes épocas e culturas. Do ponto de vista dos pacientes reencarnacionistas, as dificuldades são transitórias e podem ser superadas quando suas lições que as adversidades trazem são absorvidas.

 

5- Em quais momentos a religião pode interferir negativamente na vida do indivíduo?

coping religioso pode também trazer efeitos negativos em alguns casos, quando por exemplo, o indivíduo acredita que está sendo castigado por Deus, ou que merece sofrer porque fez algo imperdoável. Por isso, os profissionais devem estar preparados para o bom manejo terapêutico dos sistemas de crenças que podem tanto favorecer o sofrimento quanto a promoção da saúde e do crescimento.

 

6 – Quais os riscos que os pacientes correm com profissionais sem formação para abordar adequadamente a reencarnação durante a psicoterapia?

Infelizmente o risco é importante. Recentemente um artigo no The New York Times (Lisa Miller) afirmou que o interesse na reencarnação está em ascensão, e os responsáveis pela divulgação não são monges ou teólogos, mas terapeutas. Esta notícia nos indica uma abertura terapêutica saudável, mas também uma preocupação com ‘falsos-terapeutas’ ou profissionais que não possuem um treinamento clínico adequado para conduzir a psicoterapia. Atribuir significados aos sintomas de ansiedade, desajuste, fobia específica ou estresse pós-traumático, alinhados aos conteúdo de vidas passadas – se essa for a crença do paciente – pode favorecer a atenuação ou libertação dos sintomas.

 

7- Há linhas de pesquisas que investigam a reencarnação? Quais as principais?

Além dos estudos sobre lembranças espontâneas de crianças de suas vidas passadas (Stevenson, 1974; Haraldsson et al., 1975; Stevenson, 1987; Haraldsson, 1991; Stevenson, 2000; Tucker, 2005; Keil et al., 2005), várias outras linhas de pesquisa têm encontrado evidências sugerindo vida após a morte, incluindo-se lembranças traumáticas espontâneas de vidas anteriores com marcas congênitas correspondentes (Stevenson, 1993; Stevenson, 1997; Keil et al., 2000 ; Stevenson, 2001; Pasricha et al., 2005), xenoglossia (conhecimento de um idioma não aprendido, Stevenson; 1984), casos terapêuticos de regressão com detalhes verificáveis (Wambach, 1978), experiências de quase morte e experiências fora do corpo com detalhes verificáveis (Morse et al., 1991; Greyson, 2000; Van Lommel, 2001; Athappilly et al., 2006; Greyson, 2007), e psicografias recebidas via médiuns com detalhes particulares não conhecidos do médium e dos familiares vivos antes de receberem as mensagens psicografadas (Severino, 1994). Contudo, a psicoterapia não tem como objetivo provar algo, mas deve considerar a crença dos pacientes, independentemente das razões que os levam a acreditar em reencarnação, tais como: vestígios da era pré-cristã, influências de escrituras/filosofias ocidentais e asiáticas, necessidade de encontrar uma explicação plausível para questões existenciais, experiências e recordações pessoais de vidas passadas, ou enquadre cognitivo para lidar com a dor da perda de entes queridos. Como todos, os reencarnacionistas buscam tratamentos psicológicos que levem seus sistemas de crenças em consideração. Aceitar a realidade subjetiva e os pontos de referência do próprio indivíduo que busca auxílio são preditores de resultados terapêuticos satisfatórios.

 

8 – Qual a opinião dos conselhos de classe sobre abordar as crenças religiosas dos pacientes em psicoterapia?

Diante das centenas de artigos científicos a respeito da importancia de considerar a crença dos pacientes, o Conselho Federal de Psicologia em nota pública esclarece que “A Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós”. Vale ressaltar que, a integração da crença reencarnacionista durante a psicoterapia requer profissionalismo, conhecimento e capacidade de alinhar as informações coletadas sobre os valores do paciente para o benefício do seu processo terapêutico.

 

9 – De que forma o psicólogo pode abordar a questão da reencarnação com seus pacientes?

Estar confortável para abordar com o paciente temas sobre espiritualidade e religiosidade como a reencarnação é o primeiro de uma série de passos para que o processo terapêutico siga as diretrizes éticas. Iniciaremos em agosto de 2012 o curso Reencarnação e Psicoterapia: como abordar eticamente as crenças espirituais dos pacientes que buscam psicoterapia (veja programa completo em https://www.clinicajulioperes.com.br/). Entre outras perguntas frequentes dos psicoterapeutas, esclarecemos no curso: Quais são os limites profissionais quando temas religiosos e/ou espirituais são trazidos? Como psicólogos podem discutir reencarnação com seus pacientes? Quais são os riscos e as contra-indicações desta prática? Temos como objetivo fornecer aos psicoterapeutas conhecimento e treinamento de estratégias/manejo para abordar eticamente os pacientes reencarnacionistas que buscam psicoterapia e otimizar o enfrentamento de suas dificuldades com base neste sistema de crenças.

 

10- Para quem o curso Reencarnação e Psicoterapia: como abordar eticamente as crenças espirituais dos pacientes que buscam psicoterapia e dedicado e quais serão os professores?

O curso é destinado a Psicólogos, Médicos e Estudantes das respectivas áreas e os professores são Dra. Maria Julia Prieto Peres, Dra. Juliane Prieto Peres Mercante e Dr. Julio Peres.