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Depressão, o que é e quando desencadeia?

Depressão é uma doença que requer tratamento especializado. A causa da depressão é tida como multifatorial, isto é: converge vários fatores como o estilo de vida, o tipo de personalidade, a história pessoal e a predisposição genética. Não há um momento único ou específico em que a depressão comece.

Muitas pessoas apresentam sintomas depressivos na infância ou na adolescência. Tenho pacientes que após uma sequência de eventos traumáticos na idade adulta desenvolveram o Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) e em seguida a depressão, que é uma das possíveis comorbidades do TEPT. A depressão pode também emergir lenta e gradativamente por meio de um quadro que chamamos de Burnout (combustão completa), que se dá após um período de esforço excessivo com intervalos insuficientes para recuperação. Essa síndrome tem sido cada vez mais frequente em nossa sociedade, e pode ser decorrente de estresse profissional contínuo e/ou exaustão emocional, levando à depressão, à avaliação negativa de si mesmo e à insensibilidade com relação a quase tudo e todos.

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Depressão e Tristeza profunda, como diagnosticar e saber diferenciar?

A depressão tem características neuroquímicas importantes e não depende de um evento gatilho para se manifestar; enquanto, a tristeza profunda necessariamente tem sua causa relacionada a um ou mais episódios. Por outro lado, a tristeza é uma das cinco emoções naturais aos seres humanos e se manifesta normalmente diante de situações que envolvem principalmente perda, desamparo, frustração/desapontamento, fracasso e/ou exclusão/rejeição.

Em poucas palavras, a tristeza passa enquanto a depressão persiste. Por exemplo, a tristeza profunda que uma pessoa vivencia ao perder um ente querido não é uma depressão. O luto é uma resposta natural, pode continuar por um ou dois anos e mesmo assim, não deve ser confundido com depressão. São vários os tipos e subtipos de depressão (ou estados depressivos). O diagnóstico dos estados depressivos deve considerar se os sintomas são primários ou secundários a traumas psicológicos, doenças, uso de drogas e medicamentos.

Fatores hormonais (como o funcionamento precário da tireóide ou desbalanceamento de outros hormônios) são variáveis que devem ser consideradas para que não aconteça um falso diagnóstico. No diagnóstico da depressão são considerados os sintomas psíquicos (tristeza, angústia, autodesvalorização, culpa, diminuição da capacidade de experimentar prazer nas atividades antes consideradas agradáveis, sensação de perda de energia, dificuldade de se concentrar ou de tomar decisões), fisiológicos (alterações do sono, alterações do apetite, redução do interesse sexual) e evidências comportamentais (retraimento/isolamento social, crises de choro, comportamentos suicidas, lentificação ou agitação motora expressivas). Para ilustrar algumas diferenças entre os estados depressivos vale lembrar: a depressão pode ter características catatônicas quando a pessoa manifesta alterações da psicomotricidade (imobilidade, atividade motora excessiva, mutismo, imitação automática, etc.); a depressão pode também manifestar características psicóticas quando ocorrem delírios e alucinações (estima-se que 15% dos quadros depressivos apresentam sintomas psicóticos); as depressões crônicas são geralmente de intensidade mais leve que a depressão maior; a depressão sazonal é comum em países com estações do ano bem demarcadas, e geralmente ocorrem no outono e inverno.

Curiosamente, embora a tristeza esteja entre os principais indicadores da depressão, nem todos os pacientes deprimidos manifestam essa emoção, mas especialmente a perda de energia (cansaço) e da capacidade de experimentar prazer além do desinteresse pela vida.

Entrevista Andressa D’Amato com Dr. Julio Peres em Julho de 2011 – Matéria para Revista Plástica & Beleza