A tristeza é uma das cinco emoções naturais aos seres humanos e se manifesta normalmente diante de situações que envolvem principalmente perda, desamparo, frustração/desapontamento, fracasso e/ou exclusão/rejeição. Infelizmente, muitas pessoas confundem uma tristeza profunda com depressão.
Tenho pacientes que após evento(s) traumático(s) manifestaram tristeza profunda por longo período antes do processo terapêutico. Por exemplo, a perda de entes queridos é considerada por muitos como a tristeza mais profunda que o ser humano pode vivenciar. Os sintomas de tristeza aguda pela perda de entes queridos são de fato similares àqueles observados em pessoas com depressão.
Contudo, ainda que os enlutados possam preencher os indicadores do transtorno depressivo, nem por isso esses critérios indicam um transtorno. Saliento que o trauma psicológico pode também ocorrer sem que o indivíduo tenha consciência da magnitude de certos eventos por ele vivenciados, os quais desencadeiam sintomas similares à depressão. As crianças, em especial, podem desenvolver alterações comportamentais decorrentes de situações que os próprios pais consideram “normais”, como uma rotina de muitas atividades, pouco contato com os pais em casa, um susto em que a criança vivenciou extremo desamparo, surras severas, entre outros eventos. Nesses casos, as alterações abruptas de comportamento destoantes da dinâmica saudável anterior comunicam que está acontecendo uma dificuldade emocional. Deve-se atentar, por exemplo, à perda ou ao ganho de peso acentuado sem motivo aparente, à agressividade, à enurese noturna (voltar a fazer xixi na cama), à encoprese (evacuar sem controle do esfíncter), à introversão (quando a criança apresentava alegria e espontaneidade), ao isolamento, ao desânimo para realizar atividades que antes eram prazerosas etc.