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Psicoterapia, Virtudes e Prosperidade

Estudos sobre os efeitos da psicoterapia reconhecem as adversidades como oportunidades para os indivíduos transformarem significativamente suas vidas para melhor.

Aproximadamente mil artigos sobre crescimento pós-traumático (Posttraumatic Growth) foram publicados nos últimos 20 anos em periódicos científicos indexados. Enfermidades, crises financeiras, crises conjugais, ataques terroristas, guerra, perdas de entes queridos, acidentes, conflitos familiares, violência, catástrofes naturais, figuram entre outros eventos potencialmente traumáticos envolvidos nos estudos. O tema começou a receber atenção a partir da publicação do Inventário de Crescimento Pós-traumático em 1996, composto por 5 domínios em que as pessoas apresentam mudanças em termos de crescimento após o confronto com o trauma: Relação com os outros, Novas Possibilidades, Força Pessoal, Mudança Espiritual e Apreciação da Vida.

Hoje, os aprendizados obtidos nos estudos sobre crescimento pós-traumático transbordam para outras linhas de pesquisas populacionais a respeito de satisfação com a vida, bem-estar e prosperidade. De maneira geral os estudos apontam associações significativas entre o fortalecimento das virtudes e a superação de adversidades, além de sugerir que intervenções psicoterapêuticas podem ajudar as pessoas “aproveitarem ao máximo” a adversidade. A psicoterapia favorece o desenvolvimento de novas visões de mundo, a aquisição e a valorização de recursos pessoais que podem compensar prejuízos decorrentes do sofrimento e facilitar a resiliência e crescimento pós-traumático, que incluem mudanças saudáveis de comportamento consigo e com o entorno.

Entre os principais aprendizados obtidos na psicoterapia associados ao crescimento pós-traumático, a saúde mental e a satisfação com a vida estão: (1) clareza do sentido e do significado da existência, (2) maior abertura a novas possibilidades e maior envolvimento nas relações interpessoais, (3) mudança saudável na percepção de si, e (4) melhor compreensão da espiritualidade e religiosidade. Dr. Peres enfatiza que “enquanto os comportamentos alinhados ao fortalecimento das virtudes, da ética e do caráter geram prosperidade em todos os domínios da vida, vale observar que a ausência dos mesmos (ex.: corrupção, egoísmo, etc.), por outro lado configura um plantio de equívocos e respectiva colheita de sofrimentos… assim a história das sociedades tem nos ensinado”. Em linha com os achados da Psicologia a respeito da perpetuação ou superação do ciclo traumático/sofrimento, Michelle Bachelet refere que: “Só as feridas limpas podem cicatrizar”.

Segundo os estudos sobre superação o Dr. Julio Peres e colegas (veja www.clinicajulioperes.com.br) o crescimento pós-traumático se relaciona diretamente com o fortalecimento de virtudes como coragem, justiça, temperança, sabedoria, paciência, amor e esperança. Após a psicoterapia, muitas pessoas referem que suas qualidades de vida são relativamente superiores a que tinham antes mesmo das adversidades ocorrerem. De acordo com as estatísticas de follow-up, as dinâmicas saudáveis construídas no processo se mantem estáveis ao longo dos anos.

Para saber mais entre em contato pelo e-mail: contato@julioperes.com.br ou por telefone: (11) 3288-6523.

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Impacto da psicoterapia no cérebro

Texto escrito pelo Dr. Julio Peres

Há diferenças entre como as pessoas traumatizadas e não traumatizadas processam e categorizam as suas experiências?

Em contraponto ao que o filósofo Friedrich Nietzsche afirmou, “o que não mata, fortalece”, o trauma, quando não tratado, pode adoecer severamente grande número de pessoas, em vez de fortalecê-las. Há uma relação significativa entre trauma psicológico e o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que contempla o aparecimento de três grupos de sintomas: revivescência do trauma (memórias traumáticas, pesadelos); evitação/entorpecimento (distância afetiva, anestesia emocional) e hiperestimulação autonômica (estado de alerta, irritabilidade, insônia). Na população em geral, a prevalência de eventos traumáticos pode alcançar 90% (perdas de entes queridos, acidentes, hospitalizações, violências, etc.). A prevalência do TEPT é em torno de 8%, enquanto o TEPT parcial (TEPTp) pode chegar a aproximadamente 30%.

O impacto do crime tem se tornado um problema de saúde pública, particularmente nas áreas urbanas, e é agora uma das mais frequentes causas de morte na população em diversos países. A incidência de eventos estressores ligados à violência urbana é crescente. Atualmente, as principais ocorrências potencialmente traumáticas notificadas nas capitais brasileiras são: tentativa de homicídio, lesão corporal, estupro, atentado violento ao pudor, sequestro, roubo e furto.

Nas duas últimas décadas, centenas de estudos mostraram que intensas e esmagadoras experiências podem disparar diferentes respostas, enfraquecendo o conceito de uma “reação universal ao trauma”. A caracterização de um evento como traumático também depende do processamento perceptual de cada indivíduo. Conforme o dramaturgo e estudioso da religião John Milton nos ensina, a mente é ágil e em si “pode fazer do céu um inferno e do inferno um céu”, e, por isso, precisa de orientação para que esta agilidade esteja a favor do bem-estar. É o que também observamos nos recentes achados neurocientíficos: as memórias carregadas de emoção não são estáticas e lembrar compreende a reconstrução de informações coerentes por meio de fragmentos disponíveis de modo que o conjunto faça sentido. Assim, o passado é flexível e modifica-se com novas interpretações das recordações e reexplicações do que aconteceu. A integração dos traços sensoriais das memórias traumáticas em narrativas terapêuticas estruturadas é um dos principais desafios para as Psicoterapias aplicadas às vítimas de trauma e os indivíduos com TEPTp exigem o mesmo nível de cuidados terapêuticos.

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Alzheimer: a psicoterapia é necessária aos cuidadores/familiares?

Em todo o mundo, aproximadamente 15 milhões de pessoas têm Alzheimer, doença neuro-degenerativa que provoca o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e de relação social com declínio da própria identidade. De início, o indivíduo começa a perder sua memória mais recente e aos poucos a memória de longo prazo, o que deprecia consequentemente a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem. No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Seis por cento delas sofrem do Mal de Alzheimer, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer.

Contudo, pouca atenção tem sido dada a um grupo expressivamente maior de pessoas que sofre significativamente ao lado do ente querido com Alzheimer: os familiares. Ao acompanhar de perto as perdas e as limitações sucessivas, além do esvaecimento da identidade daquele(a) que um dia foi provedor(a) do bem-estar, os familiares sofrem traumas cumulativos que afetam drasticamente a qualidade da existência. Os familiares de vítimas de Alzheimer atendidos por Dr Julio Peres, psicólogo clínico e neurocientista, referem que “a pessoa se distancia de si, de seus traços de personalidade e interesses, como se aos poucos fosse sumindo”. Dr Julio Peres alerta que o esgotamento psíquico-emocional dos familiares pode assumir diversas expressões como síndromes auto-imunes, depressão, pânico, insônia, ansiedade crônica, doenças somaroformes, cardíacas e respiratórias, entre outras. Portanto, a psicoterapia especializada deve ser procurada preferencialmente antes das sequelas traumáticas se manifestarem.

Decisões difíceis devem ser tomadas ao longo do processo de perdas sucessivas e os familiares, merecem cuidados psicológicos específicos para não adoecerem emocionalmente e psiquicamente, durante o processo de esvaecimento da pessoa amada. A impotência e a culpa também são recorrentes sofrimentos nos familiares. Por exemplo, “…vejo dia a dia meu pai sumir um pouco mais sem que eu consiga fazer nada! É terrível o que ele passa… uma tortura! Não aguento mais isso!” relatou uma filha no início da psicoterapia.

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A importância do atendimento terapêutico a pessoas que sofrem em lidar com a competição

Especialista no tratamento de traumas, Dr Julio Peres, enfatiza a importância do atendimento psicológico a pessoas que circulam em ambientes competitivos ou lidam com esse sentimento dentro de suas profissões.

A competição faz parte do dia a dia de quase todo indivíduo, não importando a sua atuação. Desde a infância, a ambientes esportivos, ligados ao setor da moda, ou mesmo de avanços tecnológicos e médicos, a competição faz-se presente em maior ou menor grau, sempre acarretando conflitos, angústia, insônia, e tristeza. Isso varia de pessoa para pessoa, considerando personalidade, ambiente, circunstâncias. O importante segundo o Dr. Julio Peres, é encontrar a fórmula para competir, sem, no entanto, sofrer.

Ainda segundo o Dr. Julio Peres, nossos ancestrais viveram em condições áridas, inóspitas e de fato precisaram da competitividade, da agressão e até mesmo da ansiedade para sobreviver e perpetuar a espécie. Nos dias atuais, agimos como se estivéssemos ainda sob a ameaça da morte por um animal maior ou uma tribo inimiga. As respostas que geramos a eventos simples, como a fechada de um veículo no trânsito, podem suscitar o mesmo preparo de fuga ou ataque que os nossos ancestrais disparavam diante da iminência da morte.

Assim, grande parte dos traumas psicológicos são causados pelo próprio homem. As guerras, em última análise, podem ser apontadas como expressões dessa “herança genética da competitividade”. Muitos ainda acreditam que os mais fortes sobrevivem, quando na verdade os que se adaptam melhor são aqueles que sobrevivem ou mesmo vivem com mais qualidade. Enquanto a teoria evolutiva tem sido utilizada há décadas para justificar o modelo econômico centrado no interesse próprio; discussões pertinentes estão caminhando em direção a uma racionalização do altruísmo e da cooperação. O comportamento egoísta pode causar danos aos outros, porém, nossas reações instintivas podem encontrar novos significados a partir de respostas cognitivas mais complexas, mediadas pelos córtices frontal e pré-frontal, tal como mostramos em nossos estudos com neuroimagem.

Modelos alternativos e vantajosos para melhor qualidade adaptativa podem permitir o cultivo de comportamentos mais saudáveis, que certamente beneficiarão nossos descendentes. A ciência cognitiva tem mostrado que o grande desafio do ser humano é vencer o dilema “ganho individual versus ganho coletivo” para geração de boas condutas que promovam desdobramentos positivos para o todo. A capacidade de superar essa tensão se relaciona com o desenvolvimento da consciência humana nessa nova linha de futuro que, além de dissipar o egoísmo destrutivo e os traumas causados pelo homem, resolve o problema básico da sobrevivência individual e torna o mundo melhor de se viver.

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Engajar-se em uma causa ajuda no crescimento pessoal após um trauma

Ao contrário do que se acreditava, psicólogos e psiquiatras começam a reconhecer o trauma como uma oportunidade para os indivíduos transformarem suas vidas para melhor.

Experiências traumáticas podem criar oportunidades de crescimento pessoal através da introdução de novos valores e perspectivas para a vida. A Psicologia e a Psiquiatria recentemente estudam os diferenciais de comportamentos dos numerosos exemplos de crescimento pós-traumático espontâneo como esteios para novas formulações de estratégias terapêuticas. As psicoterapias atuais enfatizam os caminhos de superação utilizados naturalmente por indivíduos resilientes (com a capacidade de atravessar situações traumáticas e voltar a qualidade de vida satisfatória).

“Existem casos que o paciente percebe que é possível se reerguer e ajudar outras pessoas a superarem o peso de um grande trauma. Temos observado um crescente número de publicações cientίficas sobre o crescimento pós-traumático de indivíduos acometidos por acidentes, enfermidades, internações hospitalares, violência urbana e doméstica, assalto, estupro e desastres naturais, que buscam ajuda especializada”, afirma Julio Peres, Psicólogo clínico e Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

Um caso destacado pelo Psicólogo é o de um paciente que encarou a leucemia da mãe como uma forma de, não só superar o próprio trauma, como também de mobilizar outros cidadãos sobre a importância de ser um doador de medula óssea.

“Quando ele chegou ao consultório, estava desestruturado emocionalmente, sentia-se incapaz, fragilizado e com medo do que poderia acontecer. Durante a psicoterapia, percebeu que poderia ajudar não só sua mãe como muitas outras famílias e se engajou na causa”, conta Julio Peres. “As iniciativas foram importantes para conscientizar muitas pessoas, assim como para o seu crescimento e fortalecimento pessoal. Ou seja, com isso observamos que a angústia e o crescimento pós-trauma podem caminhar juntos quando uma aliança de aprendizado com o sofrimento é construída, favorecendo a melhora da qualidade de vida.”

Essa atitude de desenvolver novos interesses e objetivos de vida após o trauma é um dos cinco fatores do crescimento pessoal. Os outros fatores que podem agir de modo independente ou paralelamente são: apreciação e valorização da vida, melhor relação familiar e interpessoal, resgate da religiosidade e espiritualidade no dia-a-dia e descoberta de força e recursos pessoais para superação de adversidades.

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Profissionais felizes são mais motivados e trazem melhores resultados

A felicidade começa a ganhar espaço no dia-a-dia do trabalho. Em meio à competitividade e pressão por resultados, as empresas estão dando cada vez mais atenção ao bem-estar dos funcionários. “Profissionais felizes são mais motivados, têm maior comprometimento e, por consequência, podem trazer mais e melhores resultados”, explica Julio Peres, palestrante, psicólogo clínico e Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

A cultura dos grandes centros urbanos com bombardeamento de informações, responsabilidades e objetivos, às ve­zes inexequíveis, propõe um estilo de vida competitivo contrário ao objetivo prometido de felicidade. “Muitos executivos se consideram bem-sucedidos profissionalmente, apesar de não gozarem de boa saúde e declararem insatisfação com a vida pessoal. O descontentamento pessoal afeta também a vida profissional com o passar do tempo, depreciando o desempenho e levando a um possível afastamento”, alerta Julio Peres.

As corporações estão começando a entender a importância de investir na felicidade do trabalhador, já que um funcionário insatisfeito rende muito menos e carrega uma negatividade que pode desmotivar também os demais. “É importante ressaltar que a satisfação não está ligada apenas à recompensa financeira, mas também a muitos outros fatores como justiça, cooperação, qualidade de vida e afetividade. Aumentar o salário ou a comissão por vendas, por exemplo, serve como estímulo, mas não é suficiente para garantir a permanência de um funcionário, ou uma equipe produtiva, motivada e harmoniosa”, esclarece o palestrante.

A área de Recursos Humanos está desenvolvendo técnicas e até mesmo índices para avaliar o nível de felicidade dos trabalhadores e descobrir quais as melhores práticas a serem executadas para reduzir ao máximo a infelicidade dentro das empresas. “O estado subjetivo chamado de felicidade abrange um conjunto dinâmico de vivências, como: momentos de prazer fugazes (surpresa agradável, almoçar, ouvir uma música, etc); satisfação com a vida, prazer mais duradouro (envolvendo o relacionamento diário com família, trabalho e amigos) e bem-estar perene (compreendendo estilo de vida, gratidão, motivação, contentamento íntimo, propósito e significado amplos para o dia-a-dia)”, explica Julio Peres. “A mudança de postura das empresas é um importante passo para a garantia de uma vida mais equilibrada, ética, coerente e, por consequência, mais feliz”, conclui.

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Generosidade estimula crescimento dentro do mercado competitivo

Especialista explica como é possível prosperar sustentando valores

O mercado de trabalho está tomado por disputas. A competição, muitas vezes desleal, está presente no dia a dia profissional nos mais variados cargos e posições. Mas qual é a melhor maneira de agir dentro deste cenário para quem busca crescer profissionalmente? Em meio a tanta competitividade, há como prosperar com generosidade?

Para Julio Peres, palestrante e Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a cultura dos grandes centros urbanos, com bombardeamento de informações, responsabilidades e objetivos, muitas vezes inexequíveis, propõe um estilo de vida competitivo contrário ao objetivo prometido de felicidade. Muitos executivos, por exemplo, se consideram bem-sucedidos profissionalmente, apesar de não gozarem de boa saúde e declararem insatisfação com a vida pessoal. Esses profissionais tendem ao adoecimento e afastamento do trabalho em médio prazo.

A organização World Values Survey abordou o sistema de valores humanos em mais de 60 países e mostrou que a felicidade, dentro ou fora do trabalho, está relacionada a uma maneira coerente de viver. Índices maiores de cooperatividade estiveram fortemente relacionados à felicidade e a motivação para produzir. A Neurociência também aponta para essa conclusão. “Estudos com neuroimagem funcional mostram que o bem-estar humano não é dirigido unicamente pelo resultado material, mas especialmente pela solidariedade, cooperação, caridade e justiça”, explica Julio Peres. “A sensação de bem-estar gerada pela generosidade impacta a melhor qualidade do trabalho”.

Um estudo sobre o altruísmo, publicado pelo economista William Harbaugh, em 2007, na Science, revelou significativa atividade neural nas áreas ligadas à recompensa. Outros estudos também têm demonstrado ativação das mesmas áreas fronto-mesolímbicas associadas ao bem-estar em resposta a atitudes generosas, leais e de cooperação em jogos competitivos. “Assim como indicam os estudos sobre felicidade, a Neurociência tem revelado que as pessoas que realmente se sentem bem, fazem o bem. O desenvolvimento da generosidade, da cooperação e do altruísmo estiveram relacionados tanto ao processo de crescimento pessoal e profissional, como a um estilo de vida consistente de felicidade”, conclui o palestrante.

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A importância do atendimento terapêutico a sobreviventes de catástrofes naturais

Especialista no tratamento de traumas, Dr Julio Peres, enfatiza a importância do atendimento psicológico de pessoas que perderam entes queridos e o sentido de segurança perante a vida, para evitar que sintomas pós-trauma se tornem crônicos

Catástrofes meteorológicas são responsáveis por desastres ambientais que ocorrem todos os anos no Brasil. Altos índices pluviométricos em curto período de tempo podem causar acidentes gerando expressivo número de mortes e de sobreviventes seriamente afetados por traumas psicológicos (Caraguatatuba, SP, março de 1967, com 200 mortos; Petrópolis, RJ, fevereiro de 1971, com 171 mortos, e fevereiro de 1998 e dezembro de 2001, com cerca de 70 mortos cada, Angra dos Reis, RJ, janeiro de 2010 com 52 mortos, entre outros).

Segundo o Dr. Julio Peres, a associação de fatores críticos como a perda de vínculo(s) familiar(es), de entes queridos, do sentido de segurança, da moradia, da educação continuada e o efeito surpresa, aumentam a vulnerabilidade para surgimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). “Após dois meses da ocorrência algumas pessoas sucumbem à vitimização, ao isolamento; outras procuram ajuda, amigos, literatura; outras desenvolvem transtornos de ansiedade, como pânico, TEPT; outras, depressão; e outras superam os traumas. Estudos sobre o terremoto na cidade do México em 1985, o Tsunami asiático em 2004 e o furacão Katrina em 2005 mostraram que aproximadamente 30% dos adultos, 36% das crianças e 51% dos adolescentes sobreviventes manifestaram o TEPT”.

A primeira linha terapêutica indicada aos indivíduos com TEPT é a psicoterapia. Geralmente a utilização de serviços de saúde mental é tardia devido às necessidades urgentes de sobrevivência. “Paradoxalmente, quanto mais tempo o indivíduo traumatizado demorar para receber auxílio psicológico especializado, maior o risco dos sintomas se tornarem crônicos, de surgirem outros transtornos e complicações como o abuso de substâncias, predominantes entre os adolescentes e adultos que não recebem tratamento” – analisa Dr. Julio Peres. Os efeitos depreciativos da saúde mental podem ser ainda mais severos em comunidades de países em desenvolvimento pela falta de acesso a ajuda especializada. A identificação precoce de pessoas com alto risco de desenvolver transtornos psiquiátricos em decorrência ao trauma é um importante passo inicial para profilaxia do trauma psicológico e engajamento no processo de superação.

Outro fator importante relacionado à superação mais rápida dos traumas é a solidariedade. Ela foi identificada como um importante fator de resiliência –capacidade de atravessar eventos dolorosos e voltar a qualidade de vida satisfatória – dos sobreviventes de catástrofes naturais. O processo de reciprocidade que gera benefícios tanto para quem recebe ajuda quanto para quem a oferece, possibilita melhora da qualidade de vida e fortalecimento positivo da relação interpessoal nas comunidades afetadas por desastres.

Altos índices pluviométricos são previstos para os próximos 2 meses e por conseqüência, desastres ambientais que desafiam a capacidade adaptativa do indivíduo e acarretam em resultados adversos da saúde mental, incluindo psicopatologias graves pós-traumáticas, são esperados.

Ações governamentais preventivas no âmbito da saúde mental como workshops informativos para líderes de comunidades de risco podem evitar comportamentos de manada, pânico generalizado, maior incidência de mortes e sobreviventes com TEPT na eventual ocorrência de um desastre natural – ressalta Dr. Julio Peres.