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Espiritualidade e a Ciência trabalhando juntas

PARADOXO CIENTÍFICO

A extensa experiência como psicólogo e pesquisador em neurociências destaca Julio Fernando Prieto Peres como respeitada referência nacional e internacional no campo da psicoterapia. Seu trabalho trouxe importante contribuição para ajudar a compreender a natureza do trauma e encontrar maneiras integradoras de superação. Em outro campo, sua linha de pesquisa a respeito da comunicação espiritual mostrou pela primeira vez o que acontece no cérebro durante a psicografia e abriu as portas para profissionais da área compreenderem melhor o tema sem polêmicas. Atualmente, Julio Peres concilia sua atividade clínica em São Paulo com o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre resiliência e espiritualidade. Nesta entrevista ao JORNALZEN, ele trata desses assuntos, entre outros que abordará no 9º Congresso Transpessoal Internacional, de 4 a 7 de setembro, em Salvador (BA).

O que o levou a se interessar pela relação entre psicoterapia e espiritualidade?

Tenho a alegria de ser psicólogo com 25 anos de prática clínica e desde o início observei que aproximadamente 60% dos meus pacientes relatavam experiências espirituais significativas em suas vidas. Vale lembrar que tais experiências são consideradas relativamente comuns na população geral. A motivação de acolher e valorizar as vivências espirituais dos meus pacientes resultou em aprendizados importantes compartilhados em minhas publicações científicas. Entre os relatos no campo da espiritualidade que mais me chamaram atenção estão as manifestações mediúnicas, tema que se tornou uma de minhas linhas de pesquisa como clínico e neurocientista.

Como especialista nesse assunto, a que conclusões chegou com os estudos sobre a psicografia e os fenômenos mediúnicos?

Por alguns anos, a pergunta “O que a neuroimagem revelaria sobre a suposta comunicação espiritual?” revisitou minha mente até realizarmos o primeiro estudo mundial a respeito. Levamos dez médiuns brasileiros à Universidade da Pensilvânia, onde receberam um marcador radioativo para captar a atividade cerebral durante a escrita normal e durante a prática da psicografia em estado de transe. Em particular, os médiuns mais experientes apresentaram escores significativamente mais elevados de complexidade do texto psicografado, o que normalmente exigiria mais atividade nos lobos frontais e temporais, e este não foi o caso. As áreas relacionadas ao planejamento mostraram menor atividade durante a psicografia em comparação com a escrita fora do transe mediúnico. Os conteúdos gerados durante as psicografias foram mais complexos que os produzidos no estado fora do transe e envolveram princípios éticos e espirituais. Os médiuns referem que “a autoria dos textos psicografados foi dos espíritos comunicantes e não pode ser atribuída a seus próprios cérebros”, sendo essa hipótese plausível entre as várias possibilidades de compreendermos esses primeiros achados. Devemos continuar expandindo essa importante linha de pesquisa

Qual o impacto da religiosidade na qualidade de vida das pessoas, e como se dá o papel da espiritualidade na superação de traumas?

A crença religiosa constitui uma parte importante da cultura, dos princípios e dos valores utilizados pelas pessoas para dar forma a julgamentos e ao processamento de informações. O conhecimento e a valorização dos sistemas de crenças

das pessoas colaboram com a adesão dos pacientes à psicoterapia, assim como melhores resultados das intervenções. Contudo, nem todas as abordagens encontraram um ajuste do tema em suas intervenções terapêuticas e mais estudos devem acontecer para isso. As crenças e as práticas espirituais e religiosas são fortemente baseadas em buscas pessoais para compreender o significado da vida, o relacionamento com o sagrado e o transcendente. Nesse sentido, as práticas religiosas podem ter uma influência importante no modo como as pessoas interpretam e lidam com os eventos traumáticos, promovendo percepções e comportamentos resilientes associados ao amparo. A espiritualidade e a religiosidade podem equipar as pessoas para responderem às situações em que se veem face a face com os limites do poder e do controle humanos quando confrontados com suas vulnerabilidades

Como avalia a proposta de nosso jornal, voltada para o autoconhecimento?

Considero bela e frutífera esta iniciativa que convida os leitores a reflexões aprofundadas sobre temas relevantes alinhados à construção de significativa melhor qualidade de vida.

Que mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores?

ara os nossos leitores? Em breve teremos o congresso Florescer da Consciência, que será uma ótima oportunidade para estarmos juntos e compartilhar nossas contribuições uns com os outros. Estou certo de que será um lindo evento.

Clique aqui para ver a entrevista completa.

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