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Por quê tantas pessoas possuem a fobia de avião?

As fobias se desenvolvem geralmente por processamentos emocionais subjetivos que não são necessariamente “racionais”. Todos temos a capacidade de generalizar, e sem ela não sobreviveríamos. Já superamos inúmeros desafios na infância, adolescência e idade adulta, como dormir em quarto separado dos pais, fazer provas difíceis na escola ou faculdade, aprender a andar de bicicleta ou dirigir, confrontar uma situação desconhecida, etc. A faculdade da generalização permite a construção de aprendizados associativos ao longo desenvolvimento humano (por exemplo, se consegui subir um degrau da escada, conseguirei subir o segundo, além de vencer outros desafios similares). A mesma generalização atua nas fobias decorrentes de eventos em que o indivíduo experimentou expressivo medo, como um sistema que visa preservar a sobrevivência. Nesse sentido as emoções superpõem à razão e as áreas límbicas são mais atuantes que as áreas envolvidas em processos de racionalização. Contudo, não somos reféns de nosso cérebro emocional e podemos modificar esse estado de temor, como já evidenciamos em nossos estudos com neuroimagem (Psychological Medicine, 2007 e Journal of Psychiatric Research, 2010) que demonstraram os efeitos neurobiológicos da superação durante a psicoterapia. Os diálogos internos (a maneira que processamos os eventos) podem gerar a neuroquímica da saúde, ou do sofrimento. O psiquismo é muito ágil, mas precisa de orientação para trabalhar a nosso favor.

Trechos de Entevista com Dr. Julio Peres, concedida à Revista Viva Saúde

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