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Procedimentos estéticos e cirurgias plásticas

Procedimentos estéticos e cirurgias plásticas podem ajudar a melhorar a auto-estima?

Procedimentos estéticos e cirurgias plásticas podem ajudar a melhorar a auto-estima especialmente quando o objetivo é corrigir más formações ou deformidades causadas por acidentes. Além de pacientes traumatizadas em acidentes (carro, fogo, quedas, etc.) outros pacientes que receberam apelidos na escola ou faculdade por protuberâncias anatômicas relativas aos seios, ao nariz ou orelhas obtiveram benefícios significativos na auto-estima a partir das cirurgias.

Até que ponto essa prática pode ser considerada saudável?

É preciso termos cuidado com as fortes influências do veloz mundo contemporâneo, que fornece poucos valores essenciais à vida em harmonia. Novas “necessidades” são artificialmente criadas a cada dia, imbuídas da falsa promessa de bem-estar. Incentiva-se a pressa, a praticidade, o consumo imediato dos bens e a estética impecável que supostamente trazem a sensação de pertencer ao mundo. Contudo, a estética se tornou um importante bem de consumo que não necessariamente diminui as angústias, a solidão ou a ausência de sentido para a existência. Assim, pessoas “coisificam-se” sucessivamente como produtos, ao passo que os vínculos afetivos se tornam cada vez mais frágeis. Os procedimentos estéticos e cirurgias plásticas conferem grandes riscos aqueles que inconscientemente buscam aplacar suas angústias por este caminho. Nada será o bastante para quem considera pouco o que é suficiente e nesse sentido e as intervenções cirúrgicas podem chegar a um número desmedido com ampla exposição a riscos.

É possível dizer que as pessoas passaram a supervalorizar a imagem? A que o Sr. atribui isso?

A visão é um dos principais sistemas de percepção e aprendemos o mundo imensamente pelas informações que sensibilizam nossos receptores visuais. Decodificamos visualmente sinais que garantem nossa sobrevivência (agressividade, simpatia, antipatia, rejeição, acolhimento, etc.) e por isso a primeira avaliação do entorno é pela imagem. Estabelecemos com o tempo algumas associações relativas à estética como, por exemplo, o belo com o saudável e o feio com o temor. Assim, a boa aparência é bem vinda e pode assegurar o pertencimento ao grupo, o que implica na aceitação do grupo e em última análise na sobrevivência. No mundo contemporâneo, a eminência e os riscos de morte modificaram em relação à vida de nossos ancestrais há milhares de anos, mas a necessidade de sobreviver continua a mesma para grande parte da população. A supervalorização da beleza estética pode ser demasiada para muitas pessoas que ainda inconscientemente buscam sobreviver, num mundo que poderiam simplesmente viver.

É normal as pessoas enxergarem os problemas estéticos maiores do que eles realmente são?

Sim. A natureza projetiva de nossas percepções, baseadas em nossas memórias e crenças, pode distorcer a auto-imagem, tornando os problemas estéticos maiores do que eles realmente são, gerando assim grande sofrimento. A psicoterapia tem ajudado muitas pessoas a corrigirem essas distorções negativas e desconstruírem suas angústias.

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