Entrevista de Dr. Julio Peres sobre”Brain Rot” ao Jornal da Gazeta

Hoje tive o privilégio de conversar com a jornalista Denise Campos de Toledo, do Jornal da Gazeta, sobre um tema que tem despertado grande preocupação mundial: a escolha da expressão “brain rot” como a Palavra do Ano de 2024 pelo Dicionário de Oxford. Como psicólogo clínico e neurocientista, percebo que este debate é fundamental para a nossa sociedade, especialmente quando consideramos o impacto do consumo excessivo de conteúdos digitais superficiais e acelerados na saúde mental e nas capacidades cognitivas de crianças, adolescentes e adultos.
O termo “brain rot”, traduzido como “cérebro podre”, reflete um fenômeno crescente entre as gerações mais jovens, que frequentemente relatam sensações de cansaço mental, dificuldade de concentração e ansiedade após longos períodos consumindo conteúdos digitais de baixa qualidade. É uma expressão popular para os efeitos prejudiciais da superexposição às mídias digitais em um mundo cada vez mais hiperconectado.

prejudica o ciclo natural do sono, essencial para o equilíbrio

emocional e o funcionamento cognitivo. Desconectar pelo menos
uma hora e meia antes de dormir é fundamental para um sono
profundo e reparador.
primeiro passo para buscar equilíbrio.

Aqui estão algumas orientações essenciais para proteger e promover a saúde mental diante desse desafio:

1. Estabeleça limites claros de tempo de tela: Reserve períodos específicos para o uso de dispositivos eletrônicos e promova momentos offline para atividades como leitura, exercícios físicos e interação face a face.

2. Invista em conteúdos digitais de qualidade: Incentive o consumo de informações que sejam enriquecedoras, educativas e promovam reflexão. Filtrar o que se consome online é uma necessidade crucial para a saúde mental.

3. Priorize o sono: O uso excessivo de telas, especialmente à noite,

4. Estimule pausas regulares durante o uso de tecnologia: Praticar o “descanso digital” a cada 30-60 minutos ajuda a prevenir a fadiga mental e a manter o foco. 

5. Desenvolva consciência sobre os sinais de saturação digital: Ensine crianças e adolescentes a identificar quando estão se sentindo sobrecarregados, irritados ou ansiosos devido ao excesso de estímulos online. Reconhecer esses sinais é o

6. Promova atividades que fortaleçam as conexões humanas: Encoraje práticas que cultivem relações interpessoais, como refeições em família sem aparelhos, jogos em grupo e momentos de conversa sincera, pois essas interações ajudam a  contrabalançar os efeitos negativos do isolamento digital. 

7. Procure psicoterapia especializada: Caso as dificuldades e sofrimentos cognitivos estejam emergindo especialmente nas crianças e adolescentes, é importante que os pais ou cuidadores busquem apoio profissional especializado para evitar a cronificação dos problemas cognitivos e sofrimentos emocionais decorrentes.

Finalizamos a entrevista com uma reflexão: embora a tecnologia tenha inegáveis benefícios, é imprescindível utilizá-la de maneira consciente e equilibrada. Proteger a saúde mental em tempos de digitalização acelerada é um desafio, mas também uma oportunidade para redescobrirmos o valor do silêncio, da presença e das conexões humanas.

Espero que essas orientações inspirem mudanças positivas em muitas dinâmicas familiares. A nossa saúde mental merece prioridade, e é possível encontrar equilíbrio mesmo em um mundo digital tão dinâmico.

Julio Peres

 
 
 
 

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