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A importância do atendimento terapêutico a pessoas que sofrem em lidar com a competição

Especialista no tratamento de traumas, Dr Julio Peres, enfatiza a importância do atendimento psicológico a pessoas que circulam em ambientes competitivos ou lidam com esse sentimento dentro de suas profissões.

A competição faz parte do dia a dia de quase todo indivíduo, não importando a sua atuação. Desde a infância, a ambientes esportivos, ligados ao setor da moda, ou mesmo de avanços tecnológicos e médicos, a competição faz-se presente em maior ou menor grau, sempre acarretando conflitos, angústia, insônia, e tristeza. Isso varia de pessoa para pessoa, considerando personalidade, ambiente, circunstâncias. O importante segundo o Dr. Julio Peres, é encontrar a fórmula para competir, sem, no entanto, sofrer.

Ainda segundo o Dr. Julio Peres, nossos ancestrais viveram em condições áridas, inóspitas e de fato precisaram da competitividade, da agressão e até mesmo da ansiedade para sobreviver e perpetuar a espécie. Nos dias atuais, agimos como se estivéssemos ainda sob a ameaça da morte por um animal maior ou uma tribo inimiga. As respostas que geramos a eventos simples, como a fechada de um veículo no trânsito, podem suscitar o mesmo preparo de fuga ou ataque que os nossos ancestrais disparavam diante da iminência da morte.

Assim, grande parte dos traumas psicológicos são causados pelo próprio homem. As guerras, em última análise, podem ser apontadas como expressões dessa “herança genética da competitividade”. Muitos ainda acreditam que os mais fortes sobrevivem, quando na verdade os que se adaptam melhor são aqueles que sobrevivem ou mesmo vivem com mais qualidade. Enquanto a teoria evolutiva tem sido utilizada há décadas para justificar o modelo econômico centrado no interesse próprio; discussões pertinentes estão caminhando em direção a uma racionalização do altruísmo e da cooperação. O comportamento egoísta pode causar danos aos outros, porém, nossas reações instintivas podem encontrar novos significados a partir de respostas cognitivas mais complexas, mediadas pelos córtices frontal e pré-frontal, tal como mostramos em nossos estudos com neuroimagem.

Modelos alternativos e vantajosos para melhor qualidade adaptativa podem permitir o cultivo de comportamentos mais saudáveis, que certamente beneficiarão nossos descendentes. A ciência cognitiva tem mostrado que o grande desafio do ser humano é vencer o dilema “ganho individual versus ganho coletivo” para geração de boas condutas que promovam desdobramentos positivos para o todo. A capacidade de superar essa tensão se relaciona com o desenvolvimento da consciência humana nessa nova linha de futuro que, além de dissipar o egoísmo destrutivo e os traumas causados pelo homem, resolve o problema básico da sobrevivência individual e torna o mundo melhor de se viver.

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