O que aprendemos nos primeiros dois anos de vida talvez seja mais importante que todo o conhecimento reunido ao longo de uma extensa formação acadêmica. Aprender a falar é aprender a traduzir, e atribuir palavras às experiências é criar significado e representação para elas. Vale lembrar que cada criança se desenvolve num ritmo particular e as referências listadas abaixo não podem ser consideradas herméticas.
Crianças até 4 anos de idade não diferenciam propriamente fantasia de realidade, manifestam com freqüencia “pensamentos mágicos” (pautados no mundo subjetivo) e espelham as referências emocionais dos adultos relativas ao tema abordado. Portanto, o “como” a morte é abordada ganha mais saliência em relação a “o que” é expresso em palavras. As crianças saudáveis nesta idade vêem a morte como temporária e reversível, como se a pessoa falecida fosse embora por algum tempo e pudesse voltar a qualquer momento, enquanto outras crianças com sofrimento exacerbado podem associar a morte ao castigo, a culpa (como se elas fossem causadoras do “problema”), a ansiedade/medo ou mesmo ao contágio generalizado.
Entre os 5 e 10 anos de idade aproximadamente asChildren 6 to 10 years old believe death is real and permanent. crianças podem entender que a morte é real e permanente, ainda que a própria mortalidade não seja completamente compreendida. Os filhos podem criar neste período brincadeiras recorrentes (ex: “…estou morto deitado no chão”, “…sou morto invisível”, etc.), nas quais o entendimento do tema se faz. Os pais não devem repreender tais brincadeiras, ao contrário, devem acolher e deixar que elas aconteçam livremente para que o processamento da morte possa ocorrer naturalmente.
Children this age may view death as a violent thing.Depois dos 10 anos as crianças podem compreender que a morte poderia acontecer com elas próprias e assim começam a perceber que as pessoas sabem que naturalmente vão morrer. As crianças entendem que o envelhecimento, as doenças e acidentes podem levar à morte e naturalmente se interessam em saber mais sobre os aspectos causais/biológicos envolvidos no morrer e os detalhes de rituais de passagem cogitados pelo entorno (familiar, escolar, mídia, etc.) como o funeral, velório ou missas. As crianças que sofrem demasiadamente com o tema podem desenvolver um quadro de ansiedade da separação, de fobias e de angústias associadas à incerteza/preocupação a respeito da possível ausência dos seus cuidadores.
Os filhos pequenos apresentam a natural dificuldade de expressar o que sentem verbalmente, mas certamente se comunicarão por meio de comportamentos. A ausência de um familiar próximo como um avô ou avó pode eliciar irritabilidade/agressividade/irritação/impaciência como expressões de angústia, para a criança, ainda indescritível em palavras. Os pais devem observar a comunicação, prover suporte afetivo e oferecer possibilidades para expressão dos sentimentos (desenhos/pinturas, brincadeiras com personagens, conversas sobre histórias lidas sobre o tema, etc.) para gradativa atenuação da angústia respectiva a perda do ente querido. Quando os filhos identificam o que estão sentindo o conforto vem à tona sinalizando o processo bem sucedido de adaptação.