Relato de Luiza, 62 anos, engenheira, casada, mãe de dois filhos.
Ainda com meus filhos pequenos eu me separei e, pouco tempo depois, o pai cometeu suicídio. Tive de arregaçar as mangas e trabalhar muito para prover as condições que considerava necessárias ao desenvolvimento das minhas crianças. Sem perceber, eu me tornei uma pessoa enérgica, forte e rígida. Considerava que se não fosse assim não daria conta de tudo… Muito tempo passou, meus filhos se formaram e mesmo assim, não sabia mais ser diferente…
Continuava vivendo como se estivesse num campo de batalha, onde apenas os fortes sobrevivem. Ao mesmo tempo que superprotegia meus filhos, exigia deles a mesma força, garra e combatividade que eu desempenhava perante a vida. Considerava meus filhos fracos, incapazes e, por conta do meu temperamento bélico e perfeccionista, eles também ficaram “doentes”… Não dava espaço para meus filhos serem o que eram. Depois de muitas dificuldade, especialmente com o meu filho, admiti que precisava de ajuda… Entendi que aquele modelo fora necessário no passado, mas que não era o único. Minha principal superação foi modificar aquela estrutura pesada que carreguei por muitos anos. Consegui entrar em contato com meus sentimentos, com a minha sensibilidade e também com a minha fragilidade.
A minha superação acabou por refletir na relação com os meus filhos, hoje muito mais agradável. Vivo mais calma e me ocupo muito mais com a vida espiritual. Ainda preciso aprender muito, mas me sinto bem melhor e mais confortável.