O conjunto de investigações neurofuncionais em humanos permite hoje à Neurociência descrever a atividade dos neurônios-espelho como um mecanismo por meio do qual nós experimentamos a empatia, reconhecemos as intenções de outros indivíduos observando seus comportamentos, espelhamos essa referência e a fundimos em nosso repertório para a geração de comportamentos similares. É importante que a psicoterapia aplicada a pessoas traumatizadas facilite a percepção de novas possibilidades para a geração de comportamentos adaptativos. Costumo dizer aos pacientes que “visualizar o caminho antecipadamente é um passo fundamental para percorrê-lo”. A observação dos exemplos de pessoas que aprenderam com suas experiências traumáticas e se desenvolveram nessas bases é também facilitada depois que o indivíduo reconhece seus valores, talentos e capacidade de recuperação, porém, ainda não dispõe de referências para superar o trauma atual. Assim como observamos e espelhamos comportamentos de nossos semelhantes, o mesmo ocorre em relação aos que nos observam. Nossos próprios exemplos pacíficos de superação podem sensibilizar nossos filhos, colegas, pacientes e amigos. Nesse sentido, um bom exemplo nos deixou Galileu Galilei para a inspiração de nossos “espelhos”, ao afirmar: “Não é possível ensinar nada a ninguém, mas podemos, sim, sensibilizar alguém ao aprendizado”.
Trecho de entrevista concedida à FOLHA ESPÍRITA