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Por que uma situação A provoca o trauma e uma situação B não?

Em situações não traumáticas as informações sensoriais recolhidas do mundo exterior (visão, olfato, tato, audição) são desconstruídas e utilizadas para a construção de representações do mundo. Para gerar comportamentos adaptativos a partir dessas informações, é necessário que o sistema nervoso as reúna em um percepto unitário. Esse processo de construção de uma representação (conhecido como binding problem) dá origem a uma unidade perceptiva: uma síntese. Quando o evento estressor dispara uma a excitação sensorial superior a capacidade do indivíduo de processar cognitivamente o que está acontecendo o trauma (do grego: lesão causada por um agente externo) é configurado. As formações de sínteses perceptivas atípicas associadas a eventos de grande conteúdo emocional podem estar relacionadas a vários distúrbios perceptivos envolvidos no trauma psicológico. O binding perceptivo de indivíduos traumatizados pode ocorrer de maneira disfuncional: o sistema nervoso do indivíduo não agrupa de modo coerente e funcional as informações sensoriais colhidas do ambiente. A memória traumática, fragmentada sensorialmente em imagens, sons, odores, sensações físicas e emoções não integradas a outras memórias, parece permanecer assim até que uma síntese narrativa de superação seja processada.

Entrevista com Dr. Julio Peres concedida ao Jornal Correio Brasiliense

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